Entrei na NOVA FCSH em 1981 para lecionar, ainda muito jovem. As diferenças de idade refletem-se depois no que é o ensino. Naquela altura, sabendo muito menos do que sei hoje e tendo muito menos experiência do que tenho hoje, existia, se calhar, um idealismo e um tipo de relação com os alunos mais fácil e mais próxima porque eu tinha 25 anos e os alunos 18. As referências culturais eram muito próximas: se dava na aula um exemplo de um escritor ou de um político, todos sabiam quem era.
Hoje é completamente diferente. Não quero dizer que os alunos são piores. Não concordo com quem diz que os alunos há 30 anos é que eram ótimos; têm é outras referências culturais e todo um mundo que, muitas vezes, nós, professores, desconhecemos.
Outra diferença grande é que a faculdade estava a começar e as instalações eram, enfim… Chovia dentro da sala de aula. Hoje, é um edifício com problemas, mas diferente.
Eu acho que aquela noção de que a NOVA FCSH é diferente das outras se mantém. Os primeiros que vieram para cá arriscaram porque vinham para uma coisa completamente nova e foi extraordinário, mas esse espírito de que esta faculdade é uma instituição nova, distinta no panorama científico em Lisboa, aliás, eu diria mesmo nacional, prevalece. A quantidade de cursos que temos aqui… o espírito que também é diferente…
Os alunos saem daqui com uma cultura de proximidade ao outro, uma cultura de preocupação social, porque há, de facto, uma preocupação com o outro em geral. Esta é a marca distintiva da NOVA FCSH.
É um orgulho lecionar na NOVA FCSH. Ela é a minha segunda casa, como eu costumo dizer e eu visto completamente a camisola. Vocês [alunos] não têm noção porque estão aqui, mas se fossem ter aulas noutra faculdade… Há qui um tipo de ambiente e relação entre professor e aluno que não existem noutras faculdades. Cultivamos um espírito de proximidade entre nós, os alunos e os funcionários. Este é o património genético da NOVA FCSH.
Esta faculdade dá a possibilidade aos alunos de terem uma formação muito plural, porque podem estar a fazer um curso de História, mas frequentar cadeiras de Filosofia, Ciência Política, línguas… A maior parte das instituições não tem a variedade de oferta que nós temos.
Os alunos saem daqui com uma cultura de proximidade ao outro, uma cultura de preocupação social, porque há, de facto, uma preocupação com o outro em geral. Esta é a marca distintiva da NOVA FCSH.
Helena Trindade Lopes é professora catedrática da NOVA FCSH. Foi directora do primeiro projeto arqueológico realizado por uma equipa portuguesa no Egipto (“Palácio de Apriés, Mênfis”), iniciado em março de 2000.
Testemunho redigido a partir de uma entrevista feita por João Gama.
Partilhe também as suas memórias dos primeiros anos da NOVA FCSH! Envie o seu testemunho (idealmente com uma fotografia desses anos) para 40anos@fcsh.unl.pt.