Passei aqui a minha vida, primeiro na Universidade Nova de Lisboa e depois na FCSH. Fui secretária de todos os diretores: uns mais irrequietos do que outros, mas todos impecáveis. Foram tantos momentos bons…
Comecei a trabalhar na Universidade Nova de Lisboa logo que foi criada, em 1973. Entretanto, como morava em Lisboa e era complicado ir para os Olivais, fui para a Secretaria de Estado para a Orientação Pedagógica. Regressei à NOVA em 1977, no ano em que a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas foi criada, e viemos trabalhar para a Avenida de Berna.
Em 1977, isto era muito pequenino. Ainda estava cá a tropa [o DRM], ou seja, os serviços já não estavam cá, mas continuavam alguns militares. Havia por trás dos seguranças de hoje um edifício… Era aí que estava a direção da faculdade e outros serviços docentes. No início nem entrávamos pela porta de armas, mas pelo portão que está entre o edifício ID e o B1. Estacionávamos todos aqui dentro, no meio do pátio… Sabem onde íamos almoçar ou tomar um café? Precisamente à tropa [atual edifício ID], que tinha um café. Fizemos com eles “um contrato”. Também almoçávamos muitas vezes no Pato Real.
Na entrada, onde estão os seguranças, vivia um funcionário com a mulher e o filho, como aqueles guardas das cancelas dos comboios. Era uma casinha cor de rosa…
Começámos a comer aqui dentro uns anos depois, já não me lembro quando, num barracão dos Serviços Sociais que existia aqui no pátio. Também havia um cafezinho ao lado de onde está a livraria Colibri. O único edifício grande que havia era o B1, depois havia outros edifícios em frente à porta de armas. Na entrada, onde estão os seguranças, vivia um funcionário com a mulher e o filho, como aqueles guardas das cancelas dos comboios. Era uma casinha cor de rosa…
Era um ambiente muito familiar, os funcionários, os alunos e os professores eram muito poucos. Na Divisão Académica só trabalhavam duas pessoas: a Conceição Madaleno e um rapaz que se chamava João Vieites. Eu vim trabalhar para os doutoramentos. Entretanto, foi criada uma secção de datilografia, com máquinas de escrever, que fui dirigir. Até os docentes levavam as coisas para nós datilografarmos. Daí fui secretariar o secretário da faculdade, o Dr. Joaquim Pinheiro, e depois a Comissão Instaladora. Quando os estatutos da faculdade foram criados, fiquei a secretariar a Direção.
Passaram por mim todos os diretores. Gostei tanto de trabalhar com todos! Boas pessoas, uns mais terríveis, outros mais irrequietos… Foram todos sempre impecáveis comigo. Escrevi tanto… Fazia cada romance! Escrevia todas as atas da Direção à mão e depois tinha de as passar para um livro. Tantos romances que escrevi, sofri muito [risos]!
Passei aqui a minha vida entre a NOVA e a FCSH. A minha filha Andreia também tirou aqui o curso de Ciência Política e Relações Internacionais e trabalha cá.
Conceição Neto continuou na NOVA FCSH até 2015, ano em que se reformou. Agora dedica-se à neta, mas sente falta das pessoas daqui.
Testemunho escrito a partir de uma conversa com António Granado e Dora Santos Silva.
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