Na década de 1980 projetei a primeira torre da NOVA FCSH. Na seguinte, a sua irmã, com mais espaços e outras funcionalidades, adaptadas às exigências de novos tempos. É com muito orgulho que estive ligado aos primeiros e, ao que julgo, até agora únicos edifícios concebidos e construídos de raiz para esta faculdade.
Corriam os primeiros anos da década de 1980 quando fui convidado a executar o projeto de um edifício de raiz para a então novel Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Existia um pequeno terreno livre por detrás do então DRM, e seria dali que deveria partir a renovação das instalações herdadas do antigo Trem-Auto. E assim nasceu a Torre A, cuja forma foi essencialmente moldada pelo terreno existente.
Para além do cumprimento do programa proposto, foi ponto de honra que qualquer pessoa com deficiência pudesse aceder a qualquer lugar do edifício autonomamente. Isto, antes de haver legislação específica sobre a matéria. Assim nasceram as rampas de acesso e os elevadores hidráulicos que permitiam, em caso de falha de corrente eléctrica, a descida até ao primeiro patamar e a abertura automática das portas. Tentou-se, e creio que se conseguiu, a máxima iluminação natural possível e a esta se deve também algo da sua forma. Pretendia-se e conseguiu-se um edifício flexível e adaptável quanto às suas funcionalidades, o que veio a permitir posteriormente a alteração de funções previamente programadas para alguns espaços e a introdução de uma rede informática (à altura imprevisível) sem alterações dignas de nota nos encaminhamentos projetados para cablagens (que correm em calha técnica).
A forma de livro aberto deste edifício é em si um tributo à função universalista da faculdade, permitindo ainda a franca iluminação de amplas zonas de fruição interna
Alguns anos passados, sou novamente contactado para desenhar outra torre. Por absoluta falta de tempo, era necessário que este edifício tivesse como base a existente Torre A e dela ser um desenvolvimento. Previa-se então que, um dia, os dois edifícios pudessem vir a ser ligados através de um terceiro, pelo que os pisos da Torre A deveriam ter correspondência na nova construção.
Assim nasceu a Torre B, replicando a forma da Torre A, mas multiplicando-a e criando novos espaços (por exemplo, os anfiteatros), um novo embasamento (os dois pisos inferiores), as caves e ainda um novo piso de cobertura. Claro que a maior complexidade e mais exigentes condições deste edifício levaram a soluções técnicas mais sofisticadas, bem como à introdução de muitas especialidades (ar condicionado, sinalética, etc.) inexistentes na Torre A. Conservaram-se, todavia, e melhoraram-se, quando possível, as qualidades reconhecidas na sua irmã mais velha. A forma de livro aberto deste edifício é em si um tributo à função universalista da faculdade, permitindo ainda a franca iluminação de amplas zonas de fruição interna.
A construção desta torre foi ensombrada pela falência, durante a obra, do empreiteiro principal, o que obrigou a um novo concurso de obra para a seleção de outro empreiteiro. Não obstante esta vicissitude e de todos os problemas dela decorrentes, os trabalhos foram retomados com êxito e a obra chegou finalmente a bom porto. Muitas foram, desde a sua entrada em funcionamento, as alterações introduzidas mas a todas elas o edifício parece ter respondido com êxito. Regozijo-me por isso de ter sido o autor e consequentemente o coordenador de projeto destes dois edifícios, cuja equipa integrou também os seguintes técnicos: Engs. J. Abecasis e T. Abecasis (estruturas); Eng. L Vieira Pinto (AVAC), Engs. J. Esteves Santo e A. Goes (instalações especiais), e J. Pinote (cozinhas).
Não esqueço, no entanto, os preciosos contributos dos diretores da Faculdade em cada um dos períodos, respectivamente Professores Joaquim Manuel Nazareth e Adriano Duarte Rodrigues, bem como dos então técnicos da Assessoria Técnica da Reitoria, Arqs. Teresa Carvalho e Alberto Pimentel e ainda do Arq. Miguel Amado, delegado em obra da própria Faculdade (Torre B).
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